O setor aéreo brasileiro vive um período de desafios constantes. A alta dos combustíveis, a instabilidade cambial e a retração de oferta em determinadas rotas impactaram diretamente o preço das passagens e, consequentemente, a sobrevivência de pequenas e médias agências de viagem.
Em meio a esse cenário de turbulência, a tecnologia e o uso estratégico de programas de milhagem vêm se consolidando como alternativas para sustentar a competitividade do mercado.
Nos últimos anos, o custo das passagens aéreas no Brasil apresentou oscilações que chegaram a ultrapassar 30% em determinados períodos, afetando principalmente os consumidores finais e os intermediários que atuam no B2B. Para as agências, a pressão de clientes por preços mais acessíveis exige não apenas negociação com companhias, mas também a adoção de soluções inovadoras que permitam acesso a tarifas diferenciadas.
É nesse contexto que plataformas digitais baseadas em milhas e automação têm ganhado espaço. Ao consolidar a compra de passagens por meio de sistemas integrados, essas ferramentas oferecem às agências condições mais competitivas, ampliando o leque de opções e garantindo maior previsibilidade financeira.
Segundo especialistas do setor, a inovação é o único caminho para enfrentar a instabilidade. “As agências não podem depender apenas da tarifa convencional. O uso estratégico de milhas, aliado a sistemas de automação, garante não só economia, mas também controle de risco em um mercado volátil”, explica João Florio, empreendedor ítalo-brasileiro com experiência em soluções de consolidação de passagens.
A visão é complementada pelo irmão e sócio, Rafael Florio, que destaca o papel da tecnologia na eficiência operacional. “Quando a agência tem acesso a uma plataforma capaz de integrar emissão, controle e pagamentos em um mesmo ambiente, ela reduz erros, acelera processos e mantém competitividade mesmo em períodos de crise do setor aéreo”, afirma.

A digitalização do turismo não é mais tendência, mas realidade consolidada. Hoje, mais de 200 agências no Brasil já utilizam plataformas de consolidação que combinam milhas e tecnologia, criando um mercado mais sofisticado e resiliente. A experiência internacional reforça esse caminho: em países como Portugal e Espanha, onde a presença de consolidadoras digitais já é consolidada, o impacto da volatilidade aérea é amortecido por sistemas que oferecem previsibilidade de custo e flexibilidade de operação.
Para o consumidor final, os efeitos também são positivos. Ao contar com agências que utilizam tecnologia de ponta e estratégias financeiras inteligentes, o cliente encontra preços mais competitivos, maior disponibilidade de voos e opções de pagamento mais flexíveis. Para o setor, trata-se de um movimento de fortalecimento coletivo: quanto mais preparadas estão as agências, mais sustentável se torna o ecossistema do turismo.
O desafio, contudo, permanece. Enquanto as companhias aéreas lidam com custos estruturais elevados e dificuldades de expansão, as agências seguem pressionadas a buscar eficiência. Nesse cenário, tecnologia, automação e soluções inovadoras com milhas não são apenas diferenciais — são fatores de sobrevivência.