Travou nas tarefas do dia a dia? Saiba como se organizar – 19/06/2025 – Equilíbrio

Travou nas tarefas do dia a dia? Saiba como se organizar - 19/06/2025 - Equilíbrio

Técnica Pomodoro. Posturas de poder. Planejadores. Denise Daskal já tentou de tudo para achar a estratégia certa e melhorar o funcionamento executivo, ou seja, as habilidades mentais necessárias para gerenciar o tempo e conquistar objetivos.

Passou horas pesquisando no TikTok, lendo livros e fazendo cursos para se tornar mais organizada e focada, tanto no trabalho quanto na vida pessoal, mas confessa que a longa lista de opções é pouco útil e exaustiva. “Minha mente se confunde um pouco quando fico sobrecarregada e tem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo”, diz a sexagenária de Dearborn, no Michigan, que foi diagnosticada com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade há alguns anos.

Diagnósticos como TDAH, autismo, transtorno obsessivo-compulsivo e depressão podem impedir o funcionamento executivo, assim como o período da vida em que a mulher entra e sai da menopausa. Outras circunstâncias de vida, como cuidar dos filhos pequenos, dormir mal ou até mesmo pular uma refeição também prejudicam a capacidade de concentração e conclusão de tarefas.

Entenda o funcionamento executivo e quais estratégias de enfrentamento podem funcionar para você.

O que é o funcionamento executivo?

“As funções executivas são as habilidades de gerenciamento que ajudam a pessoa a converter intenção em ação. Em outras palavras, se você planeja fazer alguma coisa, elas que vão auxiliar na identificação do momento, hora e lugar certos. São essenciais para o planejamento, a resolução de problemas, o gerenciamento do tempo, a tomada de decisões e a motivação, bem como o controle das emoções e da atenção”, explica Ari Tuckman, psicólogo de West Chester, na Pensilvânia, e autor do livro “The ADHD Productivity Manual” (O Manual de Produtividade para TDAH, em tradução livre).

Amy Dorn, 44, mãe de três filhos em Evergreen, no Colorado, tem TDAH e dificuldade em manter a calma quando o cérebro fica superestimulado com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo; não demora muito para que fique exausta. “Às vezes, eu chego a gritar com toda a minha força.”

Ela não tem soluções rápidas, mas a consciência de que seu cérebro é diferente a ajuda a se acalmar mais rápido, respirar fundo e se desculpar. “As crianças me chamam de ‘desculpinha'”, diz.

Sabe que talvez nunca se livre dessa tendência de ir de zero a cem, por isso a família encontrou meios de evitar a superestimulação: o marido, por exemplo, mudou o horário de trabalho, chegando em casa mais cedo para garantir a ajuda extra na hora de levar os filhos às atividades esportivas —que o casal limitou a uma por filho por temporada.

Muito além das dicas e truques

O que não faltam são técnicas para ajudar no funcionamento executivo —como o método pomodoro que Daskal experimentou, basicamente envolvendo um período de 25 minutos de atenção concentrada seguido de um breve intervalo. Entretanto, antes de tentar uma dessas estratégias, os especialistas aconselham uma autoanálise.

1. Identifique os aspectos mais problemáticos

Segundo Tamara Rosier, fundadora do ADHD Center of West Michigan e autora de “You, Me, and Our ADHD Family” (Você, Eu e Nossa Família com TDAH, em tradução livre), o problema mais comum entre seus clientes é a dificuldade em iniciar tarefas: a lista pode parecer opressora, o que leva à frustração, à ansiedade e à procrastinação.

Quando Daskal finalmente conseguiu planejar a limpeza da garagem, por exemplo, ficou paralisada com a função a ponto de sair e adotar um cachorro. “Treinar um filhote onde fazer necessidades me parecia mais simples do que encarar as decisões que eu precisava tomar para conseguir organizar meu espaço”, explica.

2. Busque soluções para o problema

Para iniciar uma tarefa, pergunte-se o que o impede de começar. “Pode ser perfeccionismo, medo ou falta de clareza em relação às etapas. Depois de ter uma ideia mais definida do que o atrasa, tente tirar do caminho. Se não tiver certeza dos passos a dar por se sentir sufocado pelas emoções, liste estes sentimentos. E, então, avalie se não está complicando demais a tarefa. Desafie-se a pensar em uma maneira mais simples de realizá-la”, aconselha a Rosier.

E prossegue: “Outra opção é usar o ‘duplicador corporal’, que consiste em trabalhar ao lado de outra pessoa, no virtual ou presencial, para ganhar ânimo. Por exemplo, a Associação de Transtornos de Déficit de Atenção oferece uma ‘power hour’ de produtividade online, que reúne os interessados para a tarefa voltada a um objetivo. Você também pode associá-la a algo agradável, como música ou um podcast, para torná-la mais divertida.”

3. Para resolver o problema, tire-o da mente

“‘Exteriorizar’ o pensamento —como discutir o problema com um amigo, colocá-lo no papel ou mexer naquilo com que está trabalhando— pode ser mais útil do que tentar guardar tudo só na cabeça”, ensina Tuckman.

É o caso de Dorn, que volta e meia se esquece do que lhe parece chato ou trivial e passou a usar um gravador de pulso que recita a lista de tarefas e a repete ao longo do dia.

4. Defina expectativas para si e para os outros

As estratégias pessoais são menos eficazes se o ambiente não for favorável a pessoas com déficit de funcionamento executivo, como por exemplo um trabalho que exige a conclusão de tarefas complexas no computador simultânea ao recebimento incessante de mensagens instantâneas que podem ou não exigir uma resposta, interrompendo o foco no afazer principal.

Daskal, decidiu vender seu salão de beleza e spa que exigia o gerenciamento do negócio e da equipe, para se concentrar no sonho de lançar uma marca de esmaltes. “Desta vez estou ciente das responsabilidades que estou assumindo e das que precisam ser terceirizadas para poder dormir melhor e ter tempo de me exercitar. Limito não só o que preciso fazer durante o dia como o tempo que dedico a cada tarefa. Meu mantra agora é: ‘Um passo de cada vez, uma coisa de cada vez.'”

Definir expectativas com as pessoas com quem se relaciona também é importante, segundo Tuckman. “Digamos que você sempre se atrase para encontrar os amigos. Você pode se esforçar para chegar mais cedo, sim, mas também pode pedir que ninguém saia de casa antes de mandar uma mensagem”.

5. Não se cobre demais

É fácil se culpar pela dificuldade com o funcionamento executivo, principalmente se os outros sempre te cobram. “Lembre-se de que você não é irresponsável, apenas tem dificuldade em realizar e conciliar todas as suas demandas”, lembra Tuckman.

“Essa atitude é extremamente eficiente em termos de validação, principalmente quando a pessoa se esforça muito, às vezes até mais do que os outros, mas não consegue muitos resultados. Se tem dificuldade com as funções executivas, evite pessoas que te cobrem demais e são muito críticas. Não é só que você que não combina com elas; elas também não combinam com você”, conclui.

Este texto foi originalmente publicado no The New York Times.



Folha SP

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