O que o Hype Cycle da Gartner diz sobre as tendências tecnológicas de 2026

Todo mundo sabe o que é hype, pelo menos na teoria. Quando algo vira febre repentina, sempre tem alguém que diz: “isso aí é só hype, logo passa”. Alguns preferem chamar de “modinha”. E, na maioria dos casos, estão certos: o sucesso explode e desaparece.

Esse fenômeno não é novidade no mundo da tecnologia. De tempos em tempos, vemos ferramentas, modelos ou dispositivos surgirem como “a próxima revolução”, brilharem intensamente e, logo depois, voltarem para nichos muito específicos — quando não desaparecem totalmente.

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Mas nem todo hype morre na praia. Enquanto algumas inovações evaporam, outras atravessam esse processo turbulento e se tornam essenciais. Na história da tecnologia, automóveis, geladeiras e até o próprio smartphone já foram alvos de exagero e desconfiança antes de se tornarem parte do cotidiano.

A questão é: como diferenciar exagero passageiro de inovação significativa? Não existe bola de cristal, mas o modelo Hype Cycle da Gartner oferece uma maneira bem objetiva de prever como uma tecnologia tende a amadurecer. Ele não analisa apenas o produto, mas o comportamento humano diante da novidade — o que explica por que tantas ideias são superestimadas e depois abandonadas.

O ciclo funciona assim: primeiro surge o gatilho da inovação. Logo depois, aparece o pico das “expectativas infladas”, quando tudo vira promessa. Daí vem o “vale da desilusão”, quando essas promessas se mostram irreais e boa parte das soluções desaparece. As que sobrevivem entram na fase do esclarecimento, ganhando aplicações concretas, até chegar ao “platô da produtividade”, quando uma tecnologia se estabelece de forma sustentável.

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Inteligência artificial e tendências para 2026

É impossível falar de hype sem falar de inteligência artificial. A IA já faz parte de diversos processos há anos, mas o foco global atual é a IA generativa, que virou protagonista desse pico de expectativas. Não por acaso: empresas gastaram, em média, US$ 1,9 milhão (R$ 10,37 milhões) com iniciativas de IA generativa em 2024, segundo a Gartner. Ainda assim, menos de 30% dos líderes dizem que seus CEOs estão satisfeitos com o retorno. Isso, por si só, já mostra onde estamos no gráfico.

Dentro desse cenário, os agentes de IA são os principais alvos da euforia. Aqui, vemos claramente o efeito Dunning–Kruger — quando superestimamos capacidades por não entendê-las por completo. A ordem do debate público tem seguido exatamente esta sequência:

  • 1 – “Os agentes de IA vão substituir seres humanos”;
  • 2 – “Os agentes de IA não servem para nada”;
  • 3 – “Para determinadas tarefas, os agentes de IA funcionam”;
  • 4 – “Consigo usar os agentes de IA em alguns aspectos do negócio”.

Ou seja: estamos vivendo o “monte da estupidez”, prestes a cair no “vale da desilusão”. Não é previsão futurista: é comportamento coletivo.

Vibe coding: uma tendência com dois públicos

Outro exemplo é o chamado vibe coding, quando a IA cria código a partir de comandos por linguagem natural. Ferramentas como o Lovable tornam o desenvolvimento “conversável”. Para quem não entende nada de programação, é empolgante; para quem programa, muitas vezes é mais trabalho do que simplesmente escrever o código do zero.

Isso mostra que a velocidade do hype e da desilusão não é igual para todos, porque expectativas diferentes geram quedas diferentes. A mesma ferramenta pode ser solução para alguns e frustração para outros — e é exatamente nesse tipo de nuance que o Hype Cycle serve como bússola.

O que esperar dessa “queda”?

O Hype Cycle não é manual definitivo, mas um mapa de realidade. A queda é inevitável, e, quando ela chegar, vai atingir tanto a percepção pública quanto os investimentos. Empresas que apostaram milhões em promessas que não se sustentam vão sentir o impacto, talvez já a partir de 2026.

Isso significa que os agentes de IA ou o vibe coding vão desaparecer? Não. Significa apenas que precisamos atravessar o “vale” para, depois, descobrir onde essas ferramentas realmente funcionam. Só então veremos o que, de fato, chega ao “platô de produtividade”.

Por isso, minha recomendação é simples: preparem-se para a queda, mas principalmente para a retomada. A parte mais importante desse processo não é o hype, mas o que fica depois dele.



Fonte ==> TecMundo

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