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Cuide-se
Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estar
Agir com rapidez e calma em emergências pode evitar complicações e salvar vidas. Por esse motivo, é tão importante conhecer o básico sobre primeiros socorros.
Esse universo é extenso, então, nesta edição, vamos focar em dois aspectos: como montar um kit de primeiros socorros e como agir no caso de acidentes domésticos comuns.
Ouvi especialistas que indicam o que é preciso ter em casa: “O kit de primeiros socorros precisa ser simples, prático e funcional”, diz Bárbara de Souza, enfermeira do Núcleo de Educação Permanente e Pesquisa do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de São Paulo.
Itens indispensáveis:
- Curativos de diversos tamanhos;
- Bandagens e ataduras;
- Luvas descartáveis;
- Compressa de gaze estéril;
- Esparadrapo;
- Soro fisiológico;
- Tesoura;
- Antisséptico (álcool 70%, clorexidina ou água oxigenada de 10 volumes).
Além do kit, é importante ter um termômetro e medicamentos específicos no caso de doenças prévias, complementa Milton Steinman, cirurgião-geral da equipe de Trauma do Einstein Hospital Israelita.
↳ Idosos e crianças merecem atenção, pois os extremos de idade apresentam mais riscos. Se a criança é alérgica a picadas de inseto, você deve ter um antialérgico. Se o idoso é diabético, ter insulina ou outro medicamento prescrito por um médico…
Importante: muitas pessoas guardam os kits de primeiros socorros e medicamentos no banheiro, mas ele não é o local mais adequado, pois é muito úmido. O ideal é buscar um lugar fresco e sem contato com a luz solar, como um armário no corredor ou no quarto.
Também é preciso verificar, a cada seis meses, a validade dos produtos e descartar itens vencidos (numa farmácia ou local adequado), complementa Steinman.
Como agir em cada emergência? Os especialistas listam as principais ocorrências domésticas e indicam o que fazer e o que evitar.
1. Queimaduras
Em casa, as queimaduras mais frequentes costumam acontecer no contato com líquidos ou superfícies quentes na cozinha. O primeiro passo é resfriar a área com água corrente ou soro fisiológico. Coloque a região embaixo da torneira por 10 a 15 minutos.
Depois, cubra o local com uma compressa úmida para aliviar a dor e evitar infecções. Se a dor persistir, busque atendimento médico.
A situação é mais grave no caso de queimaduras de maior extensão ou que atingem áreas mais sensíveis, como o rosto ou as genitálias. Nesses casos, é preciso acionar o SAMU ou levar a pessoa para o hospital.
- No caso de explosões ou incêndios, você também deve buscar atendimento, pois há risco de inalação de fumaça.
O que não fazer: colocar produtos ou medicamentos na queimadura. Evite pomadas ou misturinhas caseiras (pasta de dente, manteiga, açúcar).
2. Sangramento nasal
Incline a cabeça para frente e faça uma compressão usando os dois dedos, como se estivesse tapando o nariz. Mantenha a pressão por cerca de 10 minutos. Se o sangramento não cessar, busque atendimento médico.
O que não fazer: inclinar a cabeça para trás. O sangue pode escorrer para a garganta ou para as vias aéreas e causar náusea ou vômito, o que pode piorar o quadro. Evite também assoar o nariz ou fazer força.
3. Cortes e sangramentos em geral
Faça uma compressão direta no local. Aplique pressão utilizando uma gaze ou um pano limpo de maneira contínua por um período de 5 a 10 minutos.
Depois, faça um curativo compressivo, passando uma atadura ou bandagem em cima da gaze. Se o sangramento não parar, acione um serviço de emergência ou leve a pessoa para um hospital.
O que não fazer: colocar as mãos em contato direto com o sangue da vítima. Para isso, use luvas descartáveis.
4. Quedas
É um acidente mais comum entre idosos no ambiente domiciliar. Nesse caso, é importante acionar imediatamente o SAMU. Observe se a pessoa está respirando, tente conversar com ela e acalmá-la.
O que não fazer: movimentar a pessoa. Se houver uma lesão, você pode agravá-la ao mexer na pessoa de forma brusca ou incorreta.
Sinais como confusão mental e palidez podem indicar um sangramento interno. Por esse motivo, idosos devem sempre ser levados a um hospital depois de uma queda, mesmo se não parecer grave.
5. Asfixia ou engasgo
Quando um corpo estranho (um pedaço de alimento ou um objeto) obstrui as vias aéreas, é essencial agir com rapidez. No caso de uma obstrução total, a pessoa não consegue mais emitir sons e coloca as mãos no pescoço, o que caracteriza o sinal universal do engasgo.
A manobra de Heimlich é a técnica que deve ser usada para desengasgar adultos e crianças acima de 5 anos. Ela consiste em abraçar a pessoa pelas costas, posicionar o punho fechado acima do umbigo (na “boca do estômago”) e fazer compressões rápidas para dentro e para cima.
O que não fazer: perder tempo. Na maioria das vezes, não dá para esperar o serviço de emergência chegar.
Caso esqueça do passo a passo, ligue para o SAMU (192). Os atendentes estão preparados para orientar as manobras até que a ambulância chegue ao local.
6. Desmaio
O primeiro passo é verificar se a pessoa está respirando (se não estiver, você deverá acionar a emergência). Se sim, evite aglomerações em volta dela, deixe o ambiente arejado e espere ela recobrar a consciência.
O que não fazer: jogar água no rosto, sacudir ou dar algo para a pessoa beber ou comer.
Aos poucos, quando voltar à consciência, eleve as pernas dela para que o fluxo sanguíneo volte ao cérebro e ela consiga se recuperar mais rapidamente.
Quando não acionar o SAMU? Em casos de dores ou doenças crônicas. Cólicas, dores de dente, febre alta, vômito e diarreia, por exemplo, não são emergências. Nesses casos, o paciente deve buscar um pronto-atendimento ou unidade de saúde.
E, claro, evite trotes. “Eles impactam o atendimento e tiram a oportunidade de atender pessoas que realmente estão precisando”, argumenta Bárbara de Souza.
O mundo dos primeiros socorros é bem mais amplo do que o espaço que eu tenho para escrever esta newsletter. Então, para quem quer se aprofundar e aprender mais, recomendo um curso online gratuito oferecido pelo Corpo de Bombeiros, com carga horária de 16 horas; veja aqui.
Se você mora em condomínio, participe do curso de brigada de incêndio. Pode parecer um compromisso chato, mas, na hora da emergência, ele faz toda a diferença. “Quanto mais as pessoas souberem cuidar de si mesmas e do próximo, melhor o sistema funciona”, diz Steinman.
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