Especialistas em vacinação demitidos pelo governo americano fizeram um alerta na segunda-feira (16) em um editorial, em que se declararam “profundamente preocupados”.
Conhecido por suas posições antivacina, o secretário de Saúde americano, Robert Kennedy Jr., destituiu na semana passada os 17 membros de um comitê consultivo-chave, que acusa de conflitos de interesse financeiros.
Dois dias depois, Kennedy anunciou a nomeação de oito novos membros, alguns deles considerados antivacina. A oposição democrata e especialistas e autoridades de saúde renomadas criticaram duramente a medida.
Os 17 ex-membros do Comitê Consultivo em Práticas de Imunização (Acip), que assessorava a principal agência de saúde do país (CDC), publicaram um editorial na revista médica Jama. “A demissão abrupta de todos os membros do Acip, a nomeação de oito novos membros apenas dois dias depois e a redução recente dos funcionários dos CDC dedicados às vacinas enfraqueceram gravemente o programa de vacinação americano”, advertiram.
“Essas ações privaram o programa do conhecimento institucional e da continuidade que foram essenciais para o seu sucesso durante décadas”, prosseguiram os ex-membros, que denunciaram outras “mudanças recentes na política de vacinas contra a Covid-19” anunciadas por Kennedy em redes sociais, porque parecem “ter ignorado o processo de revisão padrão”.
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“Como ex-membros do Acip, preocupa-nos profundamente que essas decisões desestabilizadoras, tomadas sem uma justificativa clara, possam reverter os avanços que tornaram possível a política de vacinas americana”, concluíram.
Ao longo das últimas duas décadas, Kennedy Jr. tem promovido desinformação sobre vacinas. Entre outras coisas, insiste em que a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral, SCR) causa autismo, o que já foi desmentido cientificamente.
Desde que assumiu o cargo, restringiu o acesso às vacinas contra a Covid-19 e plantou dúvidas sobre a tríplice viral, apesar de os Estados Unidos enfrentarem seu pior surto de sarampo em anos, com três mortes e mais de 1.100 casos registrados.