Arquitetura verde e design de luxo: a nova fronteira dos investimentos imobiliários globais

A combinação entre sustentabilidade e luxo deixou de ser tendência para se tornar um imperativo do mercado imobiliário internacional. 

Estima-se que até 2030 os investimentos em construções verdes ultrapassem a marca de US$ 1,3 trilhão ao ano, impulsionados pela busca de eficiência energética, regulamentações ambientais mais rigorosas e mudanças no perfil de consumo.

Nos segmentos de alto padrão, em especial hotéis, resorts, shoppings e empreendimentos residenciais de luxo, a pressão por projetos que unam sofisticação estética, inovação tecnológica e impacto ambiental reduzido é ainda maior. Segundo a consultoria internacional CBRE, imóveis que seguem padrões sustentáveis apresentam valorização até 12% superior em comparação a projetos convencionais, além de garantirem maior liquidez no mercado.

Um exemplo desse movimento pode ser visto no Brasil, onde shoppings de referência e empreendimentos de luxo já incorporam materiais sustentáveis em seus projetos. Em 2023, o Village Mall, um dos centros comerciais mais exclusivos do Rio de Janeiro, substituiu sua estrutura de deck por uma solução de 2.200 m² de madeira ecológica e alumínio de alta durabilidade. O projeto, avaliado em mais de R$ 2 milhões, reforça a tendência de que luxo e sustentabilidade caminham lado a lado.

Para o empresário e designer de interiores Douglas Chaves Tho, CEO da Abradecks e especialista em revestimentos sustentáveis, essa transformação reflete a mudança no comportamento do consumidor de alto poder aquisitivo. “Hoje, quem investe em imóveis de luxo não quer apenas beleza e exclusividade, mas também respeito ao meio ambiente e certificações que comprovem a origem dos materiais. Essa é a nova moeda de valorização patrimonial”, afirma.

Com mais de 15 anos de atuação no setor, Douglas participou de projetos que vão desde a revitalização da orla carioca até parcerias internacionais, como a representação exclusiva no Brasil da marca holandesa Esthec, fornecedora de decks para iates da Mercedes-Benz. Para ele, as conexões entre design, sustentabilidade e inovação são o que garantem competitividade no cenário global. “As grandes marcas internacionais já entenderam que o luxo sustentável é irreversível. Quem não se adaptar ficará para trás.”

O mercado europeu é um dos mais avançados nesse sentido: dados da Comissão Europeia mostram que 75% dos edifícios do bloco precisam passar por reformas para se adequarem a padrões de eficiência energética até 2050. Isso abre espaço para tecnologias como madeiras ecológicas, compósitos de fibra de vidro e técnicas híbridas de instalação, que reduzem custos de manutenção e impacto ambiental.

Douglas Tho

À medida que consumidores, investidores e órgãos reguladores reforçam a pauta ESG, empresas do setor de construção e design de interiores precisam responder rapidamente. Casos como o do Village Mall e a atuação de companhias especializadas em materiais sustentáveis demonstram que a integração entre luxo e responsabilidade ambiental não é mais opção, mas condição para crescer no mercado global.

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