Você pode consumir ou não, mas com certeza já ouviu muito sobre o novo mundo da suplementação. E, a cada momento, um F5 em tudo que vimos até ontem: novos suplementos, de diversas formas de apresentação. É cápsula, goma, pó, gel, pirulito… Ufa!
Mas será que todos têm a mesma função? Com certeza não. Felizmente, temos suplementos cada vez mais estudados, com estudos validados e ações específicas para nossa saúde, incluindo a cerebral.
Em paralelo ao mundo impactante da suplementação, vem um mundo corporativo cada vez mais competitivo, marcado por prazos apertados, demandas cognitivas elevadas, multitarefas e exigências de inovação constante. Sendo assim, a saúde cerebral dos funcionários deixou de ser luxo para se tornar ativo estratégico de produtividade. Funcionários com melhor função cognitiva – memória, atenção, velocidade de processamento, estabilidade emocional – entregam resultados mais consistentes, cometem menos erros e têm maior capacidade de adaptação.
Pesquisa após pesquisa evidencia que nutrição cerebral, vida saudável, sono adequado e suplementação bem fundamentada podem fazer diferença concreta. Na coluna deste mês, a ideia não é vender nenhum suplemento, mas apenas apresentar três com respaldo científico – ômega-3, magnésio e creatina –, que têm potencial para melhorar o desempenho cognitivo dos profissionais, e portanto, impactar positivamente os resultados das empresas. Vamos a eles.
Ômega-3 (EPA e DHA): conforto estrutural e função cerebral
Os ácidos graxos ômega-3, em especial o DHA (ácido docosa-hexaenoico) e o EPA (ácido eicosapentaenoico), compõem partes essenciais das membranas neuronais, mitigam processos inflamatórios, favorecem a circulação cerebral e ajudam na manutenção de neurotransmissores. Vários estudos demonstram efeitos positivos no desempenho cognitivo.
Um estudo randomizado cruzado com adultos entre 51 e 72 anos mostrou que a suplementação com PUFA (óleos de peixe ômega-3 de cadeia longa) por cinco semanas melhorou a memória de trabalho (working memory) e a atenção seletiva, comparada ao placebo.
Já uma pesquisa com dados da Nhanes (EUA) com pessoas de mais de 60 anos vinculou a maior ingestão dietética de ômega-3 a escores cognitivos superiores em múltiplos testes: aprendizado verbal e fluência verbal.
Mas, calma: não é a salvação para todos. Um ensaio clínico de seis meses com adultos saudáveis mostrou que nem sempre há melhora estatisticamente significativa de todas as funções cognitivas ao suplementar ômega-3, embora aqueles com escores de memória iniciais mais baixos tendam a se beneficiar mais.
Vamos ajudar nosso funcionário? Isso significa que políticas de alimentação ou incentivos para consumo de ômega-3 (por exemplo, incluir peixes em refeitórios, favorecer suplementos de qualidade) podem contribuir para menos lapsos de atenção, melhor foco em tarefas complexas e redução de erros em atividades que exigem concentração prolongada.
Magnésio: tensão neuromuscular, relaxamento, atenção sustentada
O magnésio é um mineral essencial em centenas de reações enzimáticas, provavelmente mais de 300, participa da transmissão sináptica, regulação de NMDA-receptors (importantes para aprendizagem), relaxamento muscular e regeneração. A deficiência de magnésio é comum em dietas modernas, e isso pode se refletir em piora cognitiva, lentidão, irritabilidade, tremores ou inquietação.
Uma revisão sistemática e meta-análise de 2024 (Advances in Nutrition) analisou ensaios clínicos randomizados e estudos relacionados ao magnésio e saúde cognitiva em adultos, encontrando associação significativa entre níveis adequados de magnésio (seja dieta, biomarcador ou suplementação) e melhores escores em função cognitiva geral.
E tem mais pesquisa aí. Uma recente com a população chinesa (acima de 55 anos) evidenciou que altas ingestões dietéticas de magnésio estavam associadas a risco reduzido de comprometimento cognitivo leve (MCI), particularmente em mulheres.
Então aqui vai uma aplicação prática para empresas: oferecer opções de alimentação que contenham boas fontes de magnésio (nozes, sementes, vegetais de folhas verdes, grãos integrais); estimular ambiente de relaxamento, pausas para estiramento, controle de sono e considerar fornecimento de suplemento para equipes identificadas com desgaste cognitivo ou muitos casos de estresse crônico.
Creatina monohidratada: energia rápida para neurônios sob pressão
Um suplemento que muito foi prescrito para atletas e usuários frequentes de academia vem ganhando outra indicação: papel no funcionamento cerebral. Ela participa no ciclo energético do ATP, ajuda em situações de demanda cognitiva intensa ou fadiga mental, como em tarefas de vigília, sobrecarga de informações ou privação de sono.
Um estudo randomizado, duplo-cego e controlado com 5 g de creatina/dia por 6 semanas em adultos demonstrou um pequeno efeito benéfico na memória operacional, embora outros testes como raciocínio visual não tenham alcançado diferença estatística robusta.
Já uma meta-análise envolvendo quase 500 participantes mostrou que a creatina melhorou significativamente a memória de curto prazo, o tempo de atenção e a velocidade de processamento, especialmente em pessoas relativamente jovens ou com condições que favorecem deficiências de creatina endógena.
Os idosos são beneficiados também. Um estudo com pessoas de idade avançada demonstrou que, mesmo no curto prazo, a creatina (5g quatro vezes ao dia) melhorou o desempenho em tarefas de memória espacial, recordação e outras medidas cognitivas, exceto em tarefas muito específicas de memória reversa.
Qual a importância da creatina para o ambiente corporativo? Em equipes que trabalham sob pressão ou longas jornadas, em turnos, em home office com noites mal dormidas, esse suplemento pode servir como apoio energético ao cérebro, ajudando a manter clareza mental, reduzir lapsos durante tarefas repetitivas ou exigentes, e diminuir a fadiga mental.
Recomendações
Para que os benefícios desses suplementos se traduzam de fato em performance e resultado para as empresas, não basta recomendar ingestão; é necessário estruturar políticas bem desenhadas. E isso inclui os seguintes fatores…
Avaliação inicial: identificação de colaboradores com deficiência provável (por dieta, sintomas, exames básicos) – baixos níveis de ômega-3, magnésio ou sinais de uso intenso de energia mental (fadiga, lapsos) podem sinalizar necessidade. Assim como pessoas com fatores de risco cardiovascular, pacientes na menopausa ou acima do peso.
Qualidade do suplemento: optar por formas bem absorvidas, marcas confiáveis, dosagens seguras. Por exemplo: no ômega-3, verificar proporções de EPA e DHA; no magnésio, formas como citrato, magnésio L-treonato ou outras com boa biodisponibilidade cerebral; na creatina monohidratada, a forma mais estudada e segura.
Uso combinado com estilo de vida: alimentação adequada, sono, exercício físico, controle de estresse. Os estudos mais positivos sempre combinam suplementação com hábitos saudáveis.
Monitoramento de resultados: usar métricas corporativas – concentração, produtividade, erros, turnover, satisfação, custos com saúde mental –, além de aplicar testes cognitivos simples, questionários de fadiga e autoavaliação.
Responsabilidade e segurança: garantir que suplementos não interajam com medicações ou condições pré-existentes; recomendar consulta com profissional de saúde (nutrólogo, médico ocupacional).
Qual o impacto dessa combinação para a empresa?
Olha só os benefícios…
- Maior rendimento por colaborador (menos lapsos, menos retrabalho);
- Melhor tomada de decisão, criatividade e capacidade de inovação;
- Menor absenteísmo/micro-ausências ligadas a fadiga mental, estresse e burnout;
- Aumento de engajamento e satisfação no trabalho – colaboradores que percebem que a empresa cuida da saúde cognitiva tendem a se sentir mais valorizados;
- Retorno financeiro sobre investimento em saúde preventiva, menor gasto com erros, menor rotatividade, maior retenção de talentos.
Mas lembre-se: nenhum suplemento é “milagroso”, as evidências acumuladas para ômega-3, magnésio e creatina mostram que são ferramentas robustas e relativamente seguras para apoiar a saúde cerebral em ambientes de trabalho exigentes. A chave está no uso bem dosado, forma de boa qualidade, combinação com hábitos saudáveis e acompanhamento profissional. Para empresas que investirem nisso, o retorno não é apenas em bem-estar dos colaboradores, mas também em performance e resultados sustentáveis.
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Fonte ==> Você SA