Empreender na Europa: os desafios e aprendizados de brasileiros que buscam espaço no mercado internacional.

O número de brasileiros vivendo na Europa tem crescido de forma consistente. De acordo com dados do Itamaraty, já são mais de 1,5 milhão espalhados pelo continente, e uma parcela significativa aposta no empreendedorismo como caminho para construir uma vida estável fora do país.

Em Portugal, por exemplo, o número de empresas abertas por estrangeiros aumentou 27% nos últimos três anos, e os brasileiros estão entre os grupos mais ativos, representando cerca de 25% desses novos registros.

O apelo é claro: economias mais estáveis, acesso a mercados amplos e a possibilidade de integração a cadeias internacionais de negócios. Porém, o sonho de empreender no exterior esbarra em desafios concretos. Estudos da Comissão Europeia apontam que, para empreendedores estrangeiros, os maiores obstáculos incluem o acesso a financiamento, a burocracia para abertura e regularização de empresas, a adaptação a normas trabalhistas e fiscais, e as diferenças culturais na condução de negócios.

O empresário Idelbrando Sardi da Silva conhece bem esse cenário. Em 2018, desembarcou em Portugal com apenas 350 euros no bolso e a difícil decisão de deixar a família no Brasil até se estabelecer. “Foram dois anos de trabalho intenso, longas jornadas e muita adaptação. O idioma até era o mesmo, mas a forma de fazer negócios, a burocracia e as exigências de mercado eram totalmente diferentes do que eu estava acostumado”, relembra.

Com experiência prévia no Brasil, onde administrou empresas no setor de transporte e logística, Idelbrando percebeu rapidamente que o sucesso dependeria de aprender as regras locais e adaptar o modelo de negócio. O esforço deu resultado: fundou uma transportadora que hoje opera com seis vans próprias, seis alugadas e três carretas, atendendo clientes de diferentes portes e mantendo parcerias internacionais.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal, o setor de transporte e logística é responsável por cerca de 5% do PIB português e vem crescendo acima da média da economia nacional nos últimos cinco anos. Esse crescimento abre portas, mas também aumenta a competição, especialmente para empreendedores estrangeiros que precisam conquistar clientes e credibilidade.

Para ele, a chave está na adaptação contínua:

“Não basta ter experiência no Brasil. Aqui, é preciso aprender as regras, entender a cultura de negócios e construir credibilidade passo a passo. E, acima de tudo, não ter medo de recomeçar.”

Especialistas reforçam que o sucesso no mercado europeu depende de três pilares: compreensão do ambiente regulatório, construção de redes de contato locais e capacidade de inovar para se diferenciar. A história de Idelbrando confirma que, apesar das barreiras iniciais, há espaço para crescimento e reconhecimento para quem mantém consistência e estratégia.

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